sábado, 12 de julho de 2014

Recordações - Dia 25

"Um andarilho em uma estrada só possui duas coisas que irá levar consigo até o fim dela:o seu corpo e suas lembranças de onde veio e por onde passou..."

Nós sempre olhamos para o passado para entender como fazer nossas práticas nos dias de hoje. Olhamos dados arqueológicos, olhamos lendas, mitos, tradições passadas de geração em geração. Olhamos a história da humanidade, mas em que momento paramos e olhamos para nós mesmos, nossas recordações, vivências, experiências durante a jornada?!A resposta é assustadora, mas são poucas as vezes que fazemos de fato isto, ao menos como deveria ser feito.

Nossas lembranças, nossas vivências, nossos sonhos de juventude - mesmo que ainda sejamos jovens - são relegados a segundo plano, pois as prioridades sempre são a estabilidade social, econômica, e nos meios interclanicos de hoje em dia, o status quo religioso dentro e fora do clã. Buscamos a pedra monumental que irá marcar nossa existência para as gerações futuras, pensando inconscientemente que assim viveremos eternamente gravados na História. Buscamos um sentido futuro para superar nosso medo da morte, que esta é a única certeza de todas, com já dizia o filósofo.

Mas esquecemos de que ainda estamos aqui, ainda interferimos no mundo ao nosso redor -querendo ou não, para o bem ou para o mal - e esta interferência cria em nós um menir que nós mesmos desaprendemos a enxergar, pois estamos mais preocupados com outras coisas. Estas interferências criam em nós as lembranças daquilo que somos, do que fomos, cria a história de paisagens que só você viu, mesmo estando em meio a uma multidão, pois são seus olhos a interpretar aquelas memórias. Só você se lembrará do gosto daquele sorvete a beira da praia em um dia qualquer do verão, ou a sensação do toque de lábios de um beijo apaixonado que foi dado em alguém que a muito tempo você não vê. Só você saberá o arrepio de susto ao assistir um determinado filme, ou os traumas vivenciados ao presenciar uma tragédia ao vivo. Estas lembranças estão aí, neste menir que você carregará até o final dos seus dias, que pode ser hoje, amanhã, ou daqui a 90 anos...Mas estarão lá, mesmo que você olhe pouco para estas lembranças.

Talvez por repulsa, por medo, por trauma, por não querer ver algo do passado, mas ainda assim, estarão lá...

E um dia, quando menos espera, elas se manifestarão, as vezes de forma até previsível, como a ida até um local que você sabe que vai te lembar alguma coisa, mas as vezes, será de maneira totalmente irracional, como uma pedra no meio de uma avenida em um dia de chuva te fazer remeter a um dia na praia na tua infância. E são estas manifestações que negligenciamos, e é delas que vem as melhores lições que precisamos aprender naquele momento.

Quando falei sobre oráculos talvez tenha passado desapercebido para mim este fato - talvez justamente por nunca ter me atentado para - que estas manifestações das lembranças que surgem do nada, ao acaso, muitas vezes são mensagens dos deuses querendo nos dizer algo. Ou é algo que devamos fazer, ou é algo que devamos procurar, ou é alguém que precise de nossa ajuda. Sempre é algo ao qual devemos prestar atenção...mas a vida cotidiana nos faz postergar isto. Ou as vezes, postergamos por não querer encarar aquilo que sabemos que teremos de enfrentar.

Talvez seja a hora de encarar o menir que carregará até o final dos seus dias...pois é ele a sua única companhia de jornada...e é com ele que irá aprender...

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